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Urna de Quinta-Feira Santa

Destinada à reserva do Santíssimo Sacramento na Semana Santa, designadamente a partir de Quinta-feira Santa, a Urna foi executada pelo insigne mestre entalhador Miguel Francisco da Silva, a quem a Santa Casa da Misericórdia do Porto havia encomendado esta alfaia litúrgica em 1728 .

A urna era a alfaia religiosa utilizada no cerimonial da Semana Santa, servindo como receptáculo. Durante a missa realizada na Quinta-feira da Semana Santa, era consagrada a hóstia a utilizar no dia seguinte, Sexta-feira, uma vez que neste dia, não havia celebração eucarística. Após a consagração, era colocada na patena, tapada pela pala e coberta com véu branco, guardando-se de seguida dentro de uma urna opaca e fechada à chave. A urna, assente sobre um soco elevado, era colocada num altar, denominado de Sepulcro ou Monumento, especificamente preparado. 

(DIOCESE DO PORTO (2000). Exposição do Grande Jubileu do Ano 2000. Cristo fonte de esperança. Porto: Edições Asa, p. 366.)

Trata-se de uma peça de formato trapezoidal, em madeira entalhada e dourada, que apresenta faces e cobertura espelhadas, e raios estriados, que lhe conferem um aspeto cenográfico. O formato desta urna e os elementos decorativos que ostenta, alusivos à Eucaristia, como o Pelicano rasgando o próprio peito para alimentar as suas crias, no remate da peça, enquadram-na numa tipologia que se generalizou após o Concílio de Trento .



Urna de Quinta-feira Santa

Miguel Francisco da Silva, mestre entalhador.

1728

Madeira entalhada e dourada com espelhos.

Coleção da Santa Casa da Misericórdia do Porto