Filho do casal José Rodrigues Novo e Antónia Rodrigues da Conceição, este grande benfeitor da Santa Casa da Misericórdia do Porto, proprietário e capitalista, que granjeou a sua fortuna no Brasil, nasceu a 24 de abril de 1825 na freguesia de Semide, concelho de Miranda do Corvo, distrito e diocese de Coimbra.
Casou com D. Adelaide Augusta Pinto de Faria, que faleceu a 13 de maio de 1906, e da qual não teve descendência. Na cidade do Porto, pelo menos à data do seu testamento, lavrado em 30 de dezembro de 1909, morava na rua da Boavista, n.º 579.
No seu testamento deixou vários legados a familiares próximos e a pessoas das suas relações, bem como a diversas instituições, entre as quais se destaca a Santa Casa da Misericórdia do Porto. Para esta instituição, o benfeitor legou: um conto de reis em inscrições ao Recolhimento de Órfãs de Nossa Senhora da Esperança (atual Colégio de Nossa Senhora da Esperança), cujo rendimento seria aplicado no vestuário das meninas pobres; duzentos mil reis ao Hospital de Lázaras e Lázaros; cinco contos de reis em inscrições ao Asilo do Barão de Nova Sintra (atual Colégio Barão de Nova Sintra), cujo rendimento seria aplicado no custeio da escola agrícola; quinhentos mil reis ao Instituto de Surdos-Mudos Araújo Porto. Consignou, para a fundação e para a sustentação de um Sanatório, destinado ao tratamento de tuberculosos, os bens que possuía no Brasil, nomeadamente nas cidades da Bahia e do Rio de Janeiro.
A elaboração do projeto do Sanatório-Hospital "Rodrigues-Semide" foi entregue ao engenheiro Casimiro Jerónimo de Faria, professor da Faculdade Técnica. Para tal, este técnico e o Dr. Tito Fontes estudaram, na Guarda, o Sanatório Sousa Martins. As obras do Sanatório iniciaram-se em 1910. No entanto, passados quatro anos, os trabalhos foram suspensos devido às dificuldades relacionadas com a conjuntura económica-financeira provocada, sobretudo, pela Primeira Guerra Mundial.
Referência na luta contra a tuberculose na cidade e na região do Porto, o Sanatório-Hospital foi inaugurado a 14 de novembro de 1926, graças ao empenho do provedor de então, António Alves Calém Júnior, e da sua Mesa Administrativa na qual se destacou o mesário e empresário portuense Manuel Pinto de Azevedo, que contribuiu financeiramente para a concretização do projeto. A inauguração deste estabelecimento teve um enorme impacto na época, se tivermos em conta o número elevado de vidas que a tuberculose ceifava anualmente.
Rodrigues Semide faleceu no Porto a 16 de setembro de 1910, tendo sido sepultado no cemitério da Irmandade da Lapa, no jazigo de Joaquim Pinto Ribeiro, seu sogro. A esta Irmandade deixou uma verba para a conservação e para a limpeza do jazigo.
O retrato de Manuel José Rodrigues Semide, óleo sobre tela, encontra-se na sala dedicada à história e à ação da Misericórdia do Porto e foi pintado por Joaquim Vitorino Ribeiro (1849-1928). Além desta atividade, o pintor portuense foi responsável pela Galeria dos Retratos (Galeria dos Benfeitores) da Misericórdia do Porto, na qualidade de conservador e restaurador, tendo também sido, na mesma instituição, professor de desenho no Instituto Araújo Porto e no Colégio Barão de Nova Sintra.
Manuel José Rodrigues Semide
Joaquim Vitorino Ribeiro, 1926
Óleo sobre tela