Filho de Manuel António dos Santos e de Maria Ermelinda Monteiro dos Santos, Manuel António Monteiro dos Santos, capitalista, nasceu a 7 de julho de 1828 na freguesia de Azurara. Era neto paterno de Manuel António dos Santos e de Teresa Joaquina de Sousa, da freguesia de Alfena, e materno de José Monteiro e de Custódia Maria, da de Azurara. Foi batizado dois dias depois na igreja matriz de Azurara, sendo seus padrinhos Manuel Ferreira da Costa, de Vila do Conde, e Custódia Maria, que supomos tratar-se da sua avó materna. Não casou, nem teve descendentes.
Manuel António era irmão de António Monteiro dos Santos, outro grande benfeitor da Misericórdia do Porto, falecido em 1924. Ambos emigraram para o Brasil, em data que não nos foi possível apurar. Em 1894, quando lavrou o seu testamento na cidade de Lisboa, possuía haveres no Rio de Janeiro, então capital Federal dos Estados Unidos do Brasil, os quais se compunham "de acções de diversos bancos, de Companhias Carris e de Seguros, diversas letras hypothecarias e na importancia de cerca de reis 200:000$000". Estes haveres foram deixados à Santa Casa da Misericórdia do Porto. Uma das imposições postas à Misericórdia sobre este legado foi a "fundação em qualquer dos estabelecimentos a cargo d'esta Santa Casa, ou mesmo fóra, de um pequeno e modesto asylo sob a invocação de S. Manoel, para albergar e sustentar decente e modestamente, 15 cegos pobres, ou mais, de ambos os sexos, onde fiquem ao abrigo da miséria". Cumprindo a vontade do testador, em 1904 a Misericórdia inaugurou o "Asylo de Cegos de S. Manoel" onde, atualmente, funciona o CIAD - Centro Integrado de Apoio à Deficiência.
Ainda à Santa Casa da cidade invicta, o benfeitor considerou o Hospital de Lázaros, ao qual deixou 500.000 réis. Outras instituições do Porto, como os hospitais das Ordens Terceiras, os Recolhimentos de Órfãos e das Meninas Desamparadas, e o Albergue Noturno, também foram contempladas no seu testamento.
Monteiro dos Santos não se olvidou das suas origens, deixando verbas às Santas Casas da Misericórdia de Azurara, sua terra natal, e à de Vila do Conde.
Quanto à cidade de Lisboa, onde viveu ou permaneceu algum tempo, deixou legados à Misericórdia, aos Asilos de Mendicidade Maria Pia e de Santo António dos Capuchos, ao Albergue Noturno, ao Hospital de São José, ao Albergue dos Inválidos do Trabalho, entre outras instituições.
Faleceu a 6 de fevereiro de 1899 na casa n.º 26 da Travessa de Cedofeita, no Porto, tendo sido sepultado na secção privativa da Ordem de São Francisco, no Cemitério de Agramonte (Cemitério Ocidental).
Exposto no MMIPO, na sala dedicada à história e ação da Misericórdia do Porto, o retrato de Manuel António Monteiro dos Santos é um óleo da autoria de Veloso Salgado (1864-1945). Este quadro foi apresentado na Galeria dos Benfeitores, tendo-se sobre ele escrito o seguinte, no Relatório e Contas de 1899-1900: "Essa formosa tela é considerada hoje como uma joia artística da nossa Galeria, verdadeira no colorido, admirável nos detalhes, perfeita na pose e d'uma eloquente semelhança. É uma homenagem dignissima que a Santa Casa presta, em sincero reconhecimento a este benemérito da cruzada da beneficencia e uma notabilissima revelação do talento do distincto pintor portuguez, o Snr. José Velloso Salgado".
Natural de Lisboa, da carreira de Veloso Salgado constam, entre outros factos, a sua passagem por Paris, onde foi admitido nos ateliês de Cabanel e Benjamin Constant, na École des Beaux-Arts, a sua participação em vários certames nacionais e internacionais e a sua atividade enquanto professor na Escola de Belas Artes de Lisboa. A obra deste pintor pode ser apreciada, entre outros locais, e além do MMIPO, no Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado, na Sala de Audiências do Tribunal do Comércio na Bolsa do Porto e na Reitoria da Universidade do Porto.
Manuel António Monteiro dos Santos
Veloso Salgado, 1899
Óleo sobre tela