MMIPO

António Alves Cálem Júnior
António Alves Cálem Júnior: o homem por trás do Provedor

Natural da freguesia de Lordelo do Ouro, António Alves Cálem Júnior (1860-1932) era filho de António Alves Cálem e de Rita da Silva Cálem. Foi casado com Maria Madalena da Cruz Oliveira Cálem, de quem teve sete filhos: António, Júlia, José, Joaquim, Maria Joaquina, Cecília e Maria dos Anjos.  

Em 1859, o seu pai fundou a Porto Cálem, com sede em Vila Nova de Gaia, junto à Ponte Luiz I, dedicada à exportação de vinhos de mesa para o Brasil. Mais tarde, esta empresa apostou no transporte de madeiras destinadas a uma tanoaria, que permitiu o armazenamento e o envelhecimento de vinho do Porto para exportação. A aquisição de quintas no Alto Douro permitiria à empresa dedicar-se à produção vitivinícola. Com a entrada de Cálem Júnior como sócio, a empresa mudou a sua designação social para "A. A. Cálem & Filho S.A.". António Alves Cálem Júnior deu seguimento ao esforço e à dedicação do pai, tornando-se num empresário de sucesso. 

A par de um importante percurso cívico e político, outros cargos ocupariam a vida de Cálem Júnior: administrador da Sociedade da Fundição do Ouro; membro da mesa da assembleia geral do Banco Mutuário; secretário da representação portuguesa na Grande Exposição Internacional de Paris de 1900; presidente da Associação Industrial Portuense; presidente da Associação Comercial do Porto. Em 1921, na sua curta passagem pelo Parlamento, enquanto deputado pelo Porto no Partido Liberal, Cálem Júnior foi uma voz marcante na defesa dos interesses do Vinho do Porto e da autonomia da Santa Casa da Misericórdia do Porto, instituição na qual assumiu diversos cargos designadamente o de provedor. Em 1923 ingressou no Partido Republicano Nacionalista, sendo novamente eleito deputado em 1925.  

Na sequência da Implantação da República, em 1911 foi nomeado pelo Estado provedor-presidente da Comissão Administrativa da Santa Casa, cargo que ocupou durante pouco mais de um ano. Em 1919 foi eleito provedor pelos irmãos da Santa Casa, permanecendo à frente da instituição por mais de uma década. Neste segundo momento, a ação de Cálem Júnior foi marcada pelas profundas consequências económico-financeiras provocadas pela Grande Guerra, salientando-se o seu espírito benemerente e o seu empenho junto do governo no sentido de obter apoio que permitisse assistir os desvalidos e os desafortunados acudidos pela Misericórdia do Porto. Foi durante a sua provedoria que a Misericórdia inaugurou, em 1926, o Sanatório-Hospital Rodrigues Semide, referência na luta contra a tuberculose na região do Porto. 

António Alves Cálem Júnior faleceu a 16 de agosto de 1932.