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Vitorino Leão Ramos: o benfeitor brasileiro de torna-viagem


Assinalamos os 200 anos da independência do Brasil recordando mais uma figura incontornável, brasileiro de torna-viagem e benfeitor da Misericórdia do Porto. 

Conhece Vitorino Leão Ramos? Faleceu, faz hoje, 104 anos.

(Re)descubra a sua história, que teve início na freguesia de Cete (Paredes), passou pelo Rio de Janeiro e terminou no Porto.

A Misericórdia do Porto nos 200 anos da Independência do Brasil (1822-2022)! 


BRASILEIRO DE TORNA-VIAGEM E BENFEITOR 

Vitorino Leão Ramos nasceu a 14 de setembro de 1856, no lugar do Verdeal, na freguesia de Cete, em Paredes. Os pais, Luís Barbosa Leão Coelho Ferraz e Carlota Cândida Teixeira, eram proprietários da Quinta do Verdeal. Casou com Natalina Mendonça Leão. Deste casamento não resultou qualquer descendente. 

Emigrou para a cidade do Rio de Janeiro, juntamente com o seu irmão Ernesto Leão, tendo angariado uma vasta fortuna na prática comercial. Nesta cidade brasileira trabalhou na Casa Zenha e Ramos, que comercializava produtos alimentares. Posteriormente, tornou-se sócio deste espaço comercial, por trespasse do seu sócio fundador - Luís Ramos. 

Após o seu regresso, instalou-se na cidade do Porto, na rua do Campo Lindo, onde construiu uma habitação burguesa, com um grande jardim envolvente. Entretanto, em Cete, no lugar do Verdeal, anexo à casa paterna construiu um torreão. 

Em 1924, o Dr. José do Barreiro, na sua obra Monografia de Paredes (1922), descreve da seguinte forma este brasileiro:  

"(...) Victorino Leão Ramos tendo ido para o Brazil veio de lá com avultada fortuna para espalhar o bem á volta de si. Foi o senhor da quinta do Verdeal e doutras, fixou residência no Porto, foi grande amador de flores, especialmente de crisântemos, de que fez algumas exposições na cidade, fez vários anos a festa de Nossa Senhora do Vale com um luzimento extraordinário e, o que é mais que tudo, mandou edificar à sua custa um belo edifício escolar em Cêtte para ambos os sexos, no lugar do Verdeal. (...) Em honra do fundador da escola, a Câmara Municipal em dezembro de 1920, deu ao largo da Senhora do Vale, o nome de Largo de Victorino Leão Ramos.(...)".  

Este dotou a freguesia com uma escola para ambos os géneros, que foi construída na proximidade da sua casa, sendo imortalizada pelo farmacêutico Claudino Diniz num postal, em 1913. 

Em 1906, o Jornal de Notícias informou a realização de uma celebração na Igreja do Terço (Porto) para solicitar a recuperação de Vitorino Leão Ramos, que se encontrava doente. Ao longo desta celebração foram doadas quantias avultadas para o fundo da sopa económica e para a atribuição de bolsas de estudo aos melhores alunos protegidos pela Irmandade do Terço.  

A 23 de agosto de 1918, Vitorino Leão Ramos faleceu na cidade do Porto. Foi sepultado no cemitério de Agramonte, numa capela funerária erigida no talhão respeitante à Ordem da Trindade. De acordo com fontes familiares, esta capela funerária terá sido, possivelmente, projetada pelo arquiteto portuense Marques da Silva. 

No seu testamento designa a esposa como a executora das suas últimas vontades.  

Este brasileiro legou em testamento avultadas quantias a várias instituições do concelho de Paredes e da cidade do Porto: 

 - Santa Casa da Misericórdia do Porto: cinco contos de reis, com a obrigação de anualmente serem doados dez conjuntos de roupa a dez pobres; 

- Ordem da Santíssima Trindade do Porto: cinco contos de reis, para tratarem da limpeza do seu mausoléu; 

- Junta de Paróquia de Cete: cinco contos de reis, com a obrigação de que se proceda à limpeza e arranjo do adro envolvente à Capela de Nossa Senhora do Vale, assim como se cuide da própria capela e doação de vinte conjuntos de roupa aos pobres da freguesia; 

- Capela do Largo do Campo Lindo: três contos de reis para que se procedesse ao aumento desta ou fosse construída uma outra capela. 

No entanto, este brasileiro impõe como principal condição a celebração de duas missas anuais, uma na data do seu nascimento e outra no dia do seu falecimento. 


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Créditos fotográficos

Fotografia do brasileiro Vitorino Leão Ramos 

Natural da freguesia de Cete, no concelho de Paredes, este benfeitor da Misericórdia do Porto residiu na Rua do Campo Lindo, no Porto. 

Séc. XX 

Col. José Leão 


Postal ilustrado da Escola do Verdeal, em Cete - Paredes 

Escola mandada construir por Vitorino Leão Ramos, brasileiro de torna-viagem e benfeitor da Misericórdia do Porto, no primeiro quartel do século XX. Este edifício dispunha de duas salas de aula destinadas aos dois sexos. 

Década de 1920 

Papel 

Col. Bismarck Pinto Lopes