05 MAR. - 02 ABR.
Integrada na Semana das Camélias, a exposição "As camélias nos retratos das benfeitoras da Misericórdia do Porto" transporta-nos para o universo feminino do Porto do século XIX.
A exposição evoca quatro benfeitoras da Misericórdia do Porto, em cujos retratos as camélias são um elemento presente: D. Ana Cândida Veloso de Azevedo Ferreira; D. Maria Emília Lopes; D. Francisca de Paula Neiva e Silva; D. Laura da Conceição Teixeira de Oliveira. Juntamente com os retratos apresentam-se quatro vestidos, do último quartel do século XIX, cedidos pelo Museu Romântico da Quinta da Macieirinha, no Porto, e pelo Museu de Alberto Sampaio, de Guimarães.
No espaço central da Galeria dos Benfeitores recriou-se um jardim de inverno caracterizado pelos elementos em ferro forjado e pela vegetação abundante. No Porto oitocentista as camélias eram presença obrigatória em qualquer parque ou jardim, tendo-se tornado num autêntico ícone da cidade. Foram e ainda são fonte de inspiração para as mais diversas expressões artísticas e culturais.
Uma mesa ao gosto da época, decorada com louça do serviço Samatra, da Vista Alegre, e com um centro de mesa, intitulado "Japoneira Cidade do Porto" e concebido pelo ourives Miguel Vaz d' Almada, remete-nos para uma época em que a atenção pelo detalhe era uma imagem de marca em determinados ambientes domésticos.
A mostra conta ainda com peças dos acervos de duas prestigiadas ourivesarias portuenses: Luiz Ferreira & Filhos e Pedro Baptista, Lda.
Entrada: 2,50 €
Informações: 220 906 960 | publicos@mmipo.scmp.pt
Organização:
Santa Casa da Misericórdia do Porto
Parceiros:
Câmara Municipal do Porto
Joalharia Miguel Vaz d'Almada
Museu de Alberto Sampaio
Ourivesaria Luiz Ferreira & Filhos, Lda.
Pedro A. Baptista, Lda. Joalheiros
Perry Sampaio
Vista Alegre
D. Ana Cândida Veloso de Azevedo Ferreira
Faleceu a 10 de janeiro de 1829, conforme nos atesta a inscrição patente no seu retrato, pintado por João de Almeida Santos em 1863. A jovem retratada surge-nos numa atitude de escrita, apresentado cabelos armados ao gosto de setecentos, um vestido e jóias onde os elementos florais constituem um motivo de eleição. A quantidade de jóias que D. Ana Cândida enverga revela, segundo o historiador de arte Gonçalo de Vasconcelos e Sousa, "?uma vontade provinciana de expressar a sua preponderância social - ou a vontade de a possuir...".
D. Maria Emília Lopes
Natural da freguesia de Crestuma, D. Maria Emília Lopes era filha de José Lopes Fontes e de Josefa Maria Angélica. Residia na Rua das Hortas, sita na freguesia portuense da Vitória.
No seu testamento, aprovado pelo tabelião Manuel Carneiro Pinto em 9 de fevereiro de 1842, nomeou o usufruto dos seus bens a Henriqueta Júlia Alves, sua parente, os quais constavam de várias propriedades que, à sua morte, passariam para a Santa Casa da Misericórdia do Porto.
Faleceu a 16 de setembro de 1845, solteira, com 46 anos de idade, tendo sido sepultada na Igreja de Crestuma.
O seu retrato foi pintado no ano seguinte por João de Almeida Santos.
D. Laura da Conceição Teixeira de Oliveira
Natural da freguesia da Sé, D. Laura da Conceição Teixeira de Oliveira foi casada com Joaquim José Teixeira de Oliveira, proprietário, comendador, falecido a 18 de junho de 1913 na Rua do Loureiro, na Sé, e sepultado no cemitério do Prado do Repouso. Deste matrimónio não houve descendência.
Joaquim José Teixeira de Oliveira, no seu testamento, contemplou várias instituições da cidade do Porto. No que diz respeito à Santa Casa da Misericórdia do Porto, doou bens a alguns estabelecimentos a seu cargo, como o Recolhimento de Órfãs de Nossa Senhora da Esperança e o Hospital de Santo António. Nas disposições testamentárias, a propósito de D. Laura, Joaquim José Teixeira de Oliveira mandou dizer perpetuamente, no dia 26 de abril de cada ano, duas missas pela sua alma e colocar na Galeria dos Benfeitores o seu retrato. O pintor Alfredo Nunes dos Santos foi o autor desta obra.
D. Francisca de Paula de Neiva e Silva
Moradora na Rua do Bonjardim, na freguesia de Santo Ildefonso, D. Francisca de Paula de Neiva e Silva fez o seu testamento em 14 de agosto de 1907. Nesta data encontrava-se viúva e com dois filhos: João, solteiro, e D. Adelaide da Conceição Silva Pinheiro, casada.
Instituiu a Santa Casa da Misericórdia do Porto herdeira do terço dos seus bens, independentemente da sua natureza. Nomeou para seus testamenteiros José da Silva da Cerveira Montenegro de Bourbon, solteiro, proprietário, residente em sua casa, e Manuel de Sousa Cochofel Montenegro, casado, proprietário, residente na Quinta da Granja, na freguesia de S. Cristóvão de Nogueira, concelho Cinfães. Dispôs ainda ser sepultada no mausoléu da família Montenegro, existente na mesma freguesia, e dar determinadas quantias em dinheiro aos seus testamenteiros e ainda a Maria José da Silva Azevedo, residente com ela testadora, e a Alice Leite de Almeida, sua afilhada.
Faleceu em 30 de abril de 1914. O retrato desta benfeitora foi pintado por Joaquim Marinho em 1916/17.