Nasceu em 1806 na freguesia de Maiorca, concelho da Figueira da Foz, onde era proprietário e onde fez edificar um belo Palacete. Bacharel em Leis pela Universidade de Coimbra, seguiu a carreira da magistratura mas a par percorreu uma carreira política. Foi Juiz de Fora da Figueira da Foz e Governador Civil de Coimbra. Foi Juiz de Direito de 1.ª instância no julgado de Pombal. Foi maçon, tendo sido fundador da loja conimbricense "Restauração". Foi Deputado em várias legislaturas e Conselheiro de D. Luís I. Chegou a ser Secretário de Estado e Ministro da Fazenda de Saldanha, mas antes havia sido palmelista. Foi Ministro de Estado honorário. Foi Comendador da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa. Publicou vários trabalhos.
Na cidade do Porto, foi Juiz da Relação. Foi membro da Loja "Legalidade", sob o nome de "Pedro IV", que já trazia de Coimbra. Exerceu o cargo de Diretor da Venerável Irmandade da Lapa entre 1854 e 1859.
Provedor da Santa Casa da Misericórdia do Porto entre 1854 e 1861, mas durante os últimos dois mandatos quem dirigiu na prática a vida quotidiana da Confraria foi o Escrivão que com ele havia sido eleito. O que caracteriza a sua ação como Provedor é o seu sentido reformista da Instituição e o esforço desenvolvido para equilibrar os orçamentos. Para tal, entendeu fiscalizar sistematicamente a Secretaria e os seus funcionários visto que era por ali que passavam todas as contas. Criou também a Tesouraria da Santa Casa. O aumento das receitas foi o traço forte da sua administração e para tal fez recuperar rendas que andavam perdidas, como acontecia com os muitos foros e laudémios da Santa Casa que a incúria dos funcionários tinha deixado no esquecimento e não se recebiam. A sua recuperação não raro obrigou ao recurso extremo para os Tribunais. Aproveitou a competência de dois funcionários, a saber, Querubino Henriques Lagoa e o agrimensor José Ribeiro de Carvalho, para lhes pedir a elaboração de uma planta de todos os terrenos de que a SCMP era enfiteuta na cidade do Porto, localizados entre a Torre da Marca e o Campo dos Quartéis (inícios da atual Rua de D. Manuel II) e ainda na Rua da Restauração. A sua influência política não logrou que o Estado pagasse a dívida de 250 contos que tinha à Misericórdia do Porto e parece ter sido difícil a cobrança de uma outra dívida de 80 contos do Marquês de Abrantes. Em compensação teve a sorte de, no seu tempo, a Santa Casa ter sido contemplada com várias doações, de que sobressai a herança de Dona Antónia de Noronha Leme de Cernache bem como o grosso legado de João Teixeira Guimarães falecido no Rio de Janeiro. De ambos o Provedor mandou esculpir o busto para serem colocados no átrio do Hospital de Santo António, a fim de servir de inspiração e estímulo para outras doações.
Outro campo da sua atuação como Provedor foi a continuação da construção do Hospital de Santo António de que se destacam a conclusão da frontaria do Hospital, a edificação da ala norte no sentido leste-oeste para o que foi necessário fazer os alicerces a "uma profundidade incrível nas entranhas de um pântano" e entre correntes de água que foi preciso drenar. Duas novas enfermarias surgiram. Foi ainda construída a nova Botica do Hospital. Importa sublinhar a importância do Regulamento do Hospital (de Santo António) em 1857, que foi um belo instrumento de regulação das relações entre a SCMP e a Escola Médico-Cirúrgica do Porto.
Foi intensificado e acarinhada a relação com os médicos, estimulando-se a sua dedicação. Para tal, fez criar um Conselho Médico Científico, para cujo funcionamento se lhe atribuiu uma Sala e sobretudo foram dados passos decisivos para que os médicos trabalhassem e funcionassem não isoladamente, mas com verdadeiro espírito de corpo, em interação e entreajuda.
Retrato de António Roberto de Oliveira Lopes Branco
João de Almeida Santos
1856
Óleo sobre tela
Esta obra encontra-se exposta na Sala dos Provedores, na Casa da Prelada.