Destinada à reserva do Santíssimo Sacramento na Semana Santa, designadamente a partir de Quinta-feira Santa, a Urna foi executada pelo insigne mestre entalhador Miguel Francisco da Silva, a quem a Santa Casa da Misericórdia do Porto havia encomendado esta alfaia litúrgica em 1728 .
A urna era a alfaia religiosa utilizada no cerimonial da Semana Santa, servindo como receptáculo. Durante a missa realizada na Quinta-feira da Semana Santa, era consagrada a hóstia a utilizar no dia seguinte, Sexta-feira, uma vez que neste dia, não havia celebração eucarística. Após a consagração, era colocada na patena, tapada pela pala e coberta com véu branco, guardando-se de seguida dentro de uma urna opaca e fechada à chave. A urna, assente sobre um soco elevado, era colocada num altar, denominado de Sepulcro ou Monumento, especificamente preparado.
Trata-se de uma peça de formato trapezoidal, em madeira entalhada e dourada, que apresenta faces e cobertura espelhadas, e raios estriados, que lhe conferem um aspeto cenográfico. O formato desta urna e os elementos decorativos que ostenta, alusivos à Eucaristia, como o Pelicano rasgando o próprio peito para alimentar as suas crias, no remate da peça, enquadram-na numa tipologia que se generalizou após o Concílio de Trento .
Urna de Quinta-feira Santa
Miguel Francisco da Silva, mestre entalhador.
1728
Madeira entalhada e dourada; e espelhos.
Coleção da Santa Casa da Misericórdia do Porto