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A devoção a Santa Ana nasceu no Ocidente, no dealbar da época medieval. A partir do século XVI foi acarinhada pelos católicos, tornando-se quase emblemática na mentalidade humanista da época.
Nos séculos XVII e XVIII, esta iconografia popularizou-se fazendo parte de um extenso número de encomendas, sobretudo em madeira entalhada, realizadas para igrejas, para capelas privadas e para o próprio adorno das casas.
Testemunho da ação evangelizadora dos portugueses nos vastos territórios do oriente, as imagens em marfim conheceram grande difusão ao longo de setecentos.
O exemplar exposto, assente numa peanha rocaille em prata lavrada, revela uma evolução na técnica de execução de esculturas em marfim, percetível ao nível do formato do rosto de Santa Ana e da Virgem, em que se denota um ligeiro abandono do orientalismo seiscentista, e na forma natural e movimentada como foram esculpidas as vestes. Ambas as imagens preservam restos de policromia, visíveis nas madeixas dos cabelos, na boca e nas orlas das vestes.
Esta imagem foi doada em testamento à Santa Casa pelo benfeitor João Luís de Sousa, morador na cidade do Porto e falecido a 22 de setembro de 1877.
Santa
Ana e a Virgem
Índia
Séc. XVIII
Marfim (escultura), prata
(base) e filigrana em ouro (resplendor)
Col. Misericórdia do
Porto
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