No passado sábado, dia 2 de abril, decorreu a visita de' Autor com José Ferreira e Silva, intitulada "Brasileiros de torna-viagem no Cemitério do Prado do Repouso". A visita a este cemitério, o primeiro de carácter público na cidade, inaugurado em 1839, realçou alguns jazigos de indivíduos que emigraram para o Brasil durante o século XIX, país onde granjearam grande fortuna.
Após vários anos de estada em terras de Vera Cruz, alguns regressaram à sua pátria dedicando-se à filantropia e a outras ações em prol da sociedade. O percurso pelo cemitério oriental iniciou com uma abordagem sobre a génese deste campo santo, instalado na antiga Quinta do Prado, então pertencente à Mitra.
Os primeiros jazigos, que mereceram atenção, foram os dos torna-viagem e negociantes Francisco Martins e Castro, José Dias Ribeiro e António Azevedo Vilarouco. Seguiu-se o de José Joaquim Leite Guimarães - Barão de Nova Sintra, grande benfeitor da Misericórdia do Porto. Junto ao jazigo de António Lourenço Correia, o Arara, personagem imortalizada por Camilo Castelo Branco em a "Corja", foram lidos alguns trechos desta obra e de correspondência pertencente a este conhecido e extravagante torna-viagem dos arredores do Porto. No monumento mandado erigir em 1868 por Henriqueta Emília da Conceição recordou-se a história de vida desta prostituta de luxo, conhecida no Porto por enganar com manhas os recém-chegados brasileiros, e da sua relação com Teresa Maria de Jesus. Outros jazigos que mereceram atenção foram os de António Ribeiro Fernandes Forbes e, na secção da Misericórdia do Porto, de Luís Mendes de Oliveira e do Visconde de Las Casas.
A visita terminou com um apontamento musical, pela primeira vez na capela privativa da Santa Casa da Misericórdia do Porto, de guitarra portuguesa interpretado por Vasco Alves, aluno do Conservatório de Música do Porto.
