Albina Augusta de Araújo nasceu a 5 de fevereiro de 1819 em Viana do Castelo. Era filha de Francisco Domingos de Araújo e de Isabel Joaquina Moura de Araújo. Casou no Rio de Janeiro, no Brasil, em 1846, contava então 27 anos, com José Joaquim Leite Guimarães (1808-1870) - barão de Nova Sintra - torna-viagem, capitalista e grande benfeitor da Misericórdia do Porto. Deste matrimónio houve uma filha, que faleceu com cinco anos de idade, vitimada por um incêndio numa chácara em Macaé, no Brasil. O contexto da morte da sua filha criou uma profunda cisão na relação do casal, levando a baronesa a regressar a Viana do Castelo. Aqui recolheu-se no Convento de Santa Ana, de onde só viria a sair cerca de dois meses após o falecimento do seu marido.
A baronesa de Nova Sintra era irmã do visconde de Araújo, capitalista e negociante de grosso trato na cidade do Rio de Janeiro. No seu testamento, lavrado em 1895, Albina Augusta deixara à viúva do seu irmão o usufruto das propriedades que possuía na cidade de Macaé, as quais ficariam depois pertencendo ao seu sobrinho neto desta, filho da sua falecida sobrinha Lucília.
Em Portugal, na cidade do Porto, o testamento da baronesa informa-nos que era proprietária de um conjunto de imóveis sitos na praça da Batalha, na rua de Entreparedes e na rua do Heroísmo, os quais foram deixados a vários familiares e também à sua criada Rosa Martins de Pinho ou Rosa Martins de Passos. Com efeito, esta foi contemplada com a casa da praça da Batalha, n.º 75, e o respetivo recheio, onde a baronesa de Nova Sintra viveu. Nas disposições testamentárias constam propriedades e legados em dinheiro atribuídos a familiares mais diretos e a outros parentes, aos familiares da sua criada e às pessoas das suas relações.
Nomeou para testamenteiros, por esta ordem, António Leite de Faria, Guilherme Augusto de Faria e João Pinto Correia. No Brasil, indicou para testamenteiro António Augusto Pereira de Barros. Instituiu como herdeiros do remanescente da sua herança António Leite de Faria e Rosa Martins de Pinho.
À Misericórdia do Porto, Albina Augusta de Araújo deixou cinco contos de réis ao Asilo do Barão de Nova Sintra, instituído pelo seu marido, e outros tantos ao Hospital de Santo António. O mesmo montante foi legado ao Asilo de Mendicidade e para serem repartidos por dez dos estabelecimentos de caridade mais necessitados da cidade do Porto.
A baronesa não esqueceu as suas origens, tendo deixado vários legados em dinheiro a instituições de caráter assistencial e caritativo de Viana do Castelo, bem como a algumas igrejas e capelas deste concelho.
Faleceu a 6 de março de 1899 na sua casa sita na praça da Batalha, n.º 75, na freguesia da Sé. Foi sepultada no cemitério do Prado do Repouso, no jazigo-capela do seu marido.
Colégio Barão de Nova Sintra
Em 1863, o barão de Nova Sintra instituíra, no Porto, dois estabelecimentos sob a sua administração e sob seu sustento: o "Estabelecimento de Artes e Ofícios do Barão de Nova Sintra"; e o "Recolhimento Humanitário do Barão de Nova Sintra". Três anos volvidos inauguraram-se as instalações definitivas, com a designação de "Estabelecimento Humanitário do Barão de Nova Sintra" (atual Colégio Barão de Nova Sintra), que se dedicavam a acolher e a educar crianças abandonadas de ambos os sexos. Em 1871, um ano após a morte do fundador, o estabelecimento foi entregue à Misericórdia do Porto, juntamente com a quinta e com a fábrica de fiação de seda que aí se ergueram, como era seu desejo.
Retratos da baronesa
A coleção de pintura da Santa Casa integra três retratos da benfeitora. No salão nobre do Colégio Barão de Nova Sintra está exposto um retrato a óleo de corpo inteiro da baronesa junto a outro do seu marido. No MMIPO encontram-se os restantes. Na Sala dos Benfeitores podemos apreciar um retrato a óleo pintado por Sofia de Sousa, irmã de Aurélia de Sousa, entre 1901 e 1902, no qual a baronesa apresenta-se com uma certa idade e com um rosto de leve sorriso. Na Sala de Destaque Expositivo apresenta-se um retrato de corpo inteiro, proveniente do Lar das Fontaínhas (antigo Asilo de Mendicidade) que, possivelmente, terá sido pintado por José Alberto Nunes, por comparação estilística com outro retrato do barão, do qual sabemos que foi efetivamente realizado por este pintor, em 1874. Este último retrato foi recentemente restaurado pelo Misarte - Conservação e Restauro da Misericórdia do Porto.