Filho de José Moreira de Sousa e de Bernardina Rosa, António Joaquim Moreira de Sousa nasceu a quatro de abril de 1844 na freguesia de Santa Maria de Vilar, na aldeia do Souto, no concelho de Vila do Conde. Foi seu padrinho de batismo Joaquim Moreira de Sousa, que nessa altura se encontrava no Brasil, no Maranhão. Não sabemos se este familiar foi determinante na ida do benfeitor para o Brasil. Contudo, atestamos que viajou até este país, para a cidade do Rio de Janeiro, aos 46 anos de idade. É pouco provável que esta tenha sido a sua primeira viagem, pois, por norma, emigrava-se para o Brasil em idade jovem. Com efeito, foi em São Luís do Maranhão onde desenvolveu a sua atividade e foi proprietário de vários imóveis.
António Joaquim Moreira de Sousa residiu na rua Joaquim António de Aguiar, n.º 140, na freguesia do Bonfim. No entanto, à data do seu testamento, lavrado em maio de 1915, o benfeitor morava na rua do Duque da Terceira, n.º 66, onde possuía a sua casa cujas traseiras estavam voltadas para a rua do Duque de Saldanha. Este imóvel foi deixado a seu sobrinho José Moreira de Sousa, morador na cidade de Niterói, no Rio de Janeiro, com várias condições e obrigações que passavam por dar determinadas quantias em dinheiro aos irmãos, aos sobrinhos, aos afilhados e aos criados que o serviam.
Instituições como a Escola do Vintém, que funcionava na rua Pinto Bessa, os Asilos de São João e das Raparigas Abandonadas, e o Instituto de Cegos e Mudos, situado na rua Ferreira Cardoso, também foram contempladas com o seu legado. À Santa Casa da Misericórdia do Porto, designadamente ao Hospital de Santo António, António Joaquim Moreira de Sousa legou metade do remanescente, que pudesse haver da sua herança. Foram seus testamenteiros, por ordem de indicação, Aurélio Ferreira dos Santos, Pedro Lopes Cardoso Estrela e Adriano Vieira da Silva Lima. Este importante gesto de benemerência veio, certamente, atenuar as consequências sociais resultantes, entre outros motivos, da proliferação das epidemias do tifo e da gripe pneumónica que assolaram a cidade em inícios de 1918.
Faleceu a 28 de março de 1918, tendo sido sepultado no cemitério de Agramonte. Sobre o seu funeral, havia declarado o seguinte em testamento: "(?) sevilmente serei sepultado sem a menor ostentação simplesmente em coba raza que por cima levará uma pedra de marmora (?)".
O retrato de António Joaquim Moreira de Sousa, exposto na Sala dos Benfeitores, é um óleo sobre tela pintado por Júlio Costa (1853-1923). Discípulo de António José da Costa, de quem era sobrinho, e de João Correia, de quem foi aluno na Academia Portuense de Belas Artes e onde concluiu o curso de pintura histórica em 1881, Júlio Costa foi também litógrafo e professor. Esteve presente em vários certames artísticos promovidos pelo Centro Artístico Portuense, pelo Ateneu Comercial do Porto e pelo Grémio Artístico de Lisboa.
Além de António Joaquim Moreira de Sousa, existem, na Misericórdia do Porto, outros benfeitores retratados por Júlio Costa como é o caso de Lino Henrique Bento de Sousa (Conde de Santiago de Lobão). Fora da instituição, podemos apreciar obras do artista na Câmara Municipal do Porto, no Museu Nacional de Soares dos Reis e no Tribunal da Relação do Porto.