No passado Sábado decorreu no MMIPO mais uma sessão de Um Objeto e seus Discursos por Semana, desta vez tendo como mote a Bandeira Processional dos Condenados.
O anfitrião foi o Provedor António Tavares, e a Professora e investigadora da história das Misericórdias Isabel dos Guimarães Sá e o Professor e historiador de arte Francisco Ribeiro da Silva lançaram nesta sessão um olhar sobre a peça rara da coleção exposta no MMIPO que, além do seu valor artístico, transporta uma forte carga histórica, simbólica e social.
Pintada em 1613 por Francisco Correia e Domingos Lourenço Pardo, a bandeira processional dos condenados integrava a "Procissão dos Padecentes" e representava o apoio espiritual prestado pela Misericórdia do Porto.
Desde a sua fundação, a 14 de março de 1499, a Santa Casa da Misericórdia do Porto prestou assistência aos grupos mais desfavorecidos da nossa sociedade, cumprindo as 14 obras de misericórdia preconizadas pela fé cristã. Durante séculos, uma das missões da Misericórdia foi auxiliar os presos pobres e desamparados das cadeias da cidade e acompanhar os condenados à morte desde o cárcere até à forca. Para tal, era organizado um cortejo - a "Procissão dos Padecentes" - que partia da Igreja da Misericórdia e passava pela Cadeia da Relação, terminando na Praça da Ribeira, onde se erguia o patíbulo.