Neste ano de 2020, a Misericórdia do Porto assinala duas datas marcantes para a instituição e para a cidade.
Há 250 anos, no dia 15 de julho de 1770, era colocada a primeira pedra de um edifício que iria marcar indelevelmente a cidade do Porto até aos dias de hoje. para além de representar uma mutação da face da urbe através do seu estilo neoclássico, trouxe um equipamento de saúde, o Hospital de Santo António, indispensável a uma cidade que carecia já de um novo espaço onde pudesse tratar os doentes com boas condições logísticas e técnicas.
Através deste Hospital vieram as imprescindíveis Escolas Médicas, na primeira metade do século XIX, que impulsionaram a cabal formação de muitos profissionais e que proporcionou uma clara melhoria no tratamento dos enfermos. Mais tarde, já no dealbar do século XX, deu lugar à Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.
Neste mesmo dia de 15 de julho, mas agora de 2015, nascia o MMIPO - Museu e Igreja da Misericórdia do Porto.
Um sonho do Provedor Conde de Samodães no século XIX. Nesses tempos conturbados, tal como hoje, foi entendida a importância primordial da identidade cultural, do conhecimento do legado de uma história conjunta, que solidifica o casco do nosso barco que enfrenta as marés tempestuosas dos tempos.
O sonho de um Museu da Misericórdia, assim como a sua concretização em 2015 através do esforço e visão do atual Provedor, da Mesa Administrativa e de muitos colaboradores abnegados, emerge do sentido de missão de equipamento cultural que, ao mesmo tempo, mostra de forma eficaz à sociedade a história e a função da Misericórdia do Porto e preserva o seu rico património artístico, traçando um fio condutor ao longo de 520 anos. Este caminho ininterrupto cria os robustos alicerces de uma estrutura que se quer, amiúde, reinventar, mas que carece do lastro da sua história para se impulsionar.
Muitas mulheres e homens, das mais díspares condições sociais e desempenhando os mais diversos cargos ao longo de cinco séculos, deram muito de si aos outros através desta instituição. A cabal compreensão deste esforço, do que foi alcançado e do legado deixado incute unicidade, serve de exemplo e consolida o peso da Instituição na sociedade. A Misericórdia do Porto tem um vasto passado que deve ser preservado e divulgado, porque o presente é nutrido pelos princípios e o futuro ficará órfão sem passado.